27.8.10

Semana de Comunicação Unisa


Passamos por mais uma semana de comunicação no lugar onde estudo. Unisa (Universidade de Santo Amaro) conhecem? Provavelmente não. Todas as habilitações dentro da Universidade/Faculdade têm a semana dedicada a ela. No meu caso eu tenho a semana de Comunicação que acontece todo começo de agosto. É a terceira vez que acompanho o evento. E a segunda que ajudo na organização.

Preciso fazer um desabafo. Que semanazinha horrorosa.

Nada que desabone a professora Solange que é a responsável por eventos da Universidade ou a comissão de alunos que ajudou em todo o momento, mas a instituição.
É vergonhoso o descaso da Unisa em relação ao evento.
Em nenhum momento vi o apoio à semana de comunicação ou aos alunos que tanto corriam pra que tudo ficasse perfeito.
A nossa coordenadora do curso se apareceu duas vezes no local durante todos os dias, foi muito.
O outro coordenador ainda foi mais presente, mas sempre muito rápido no local e depois sumia.

Auditório sujo, problemas técnicos de responsabilidade da Universidade, interferência na programação de gente que não era da comissão. Enfim diversos problemas que provavelmente não teríamos se a Unisa cooperasse com o evento.
É de uma responsabilidade tão grande da professora Solange que chega a me dar pena.
A Unisa não paga os palestrantes, dá uma miséria de dinheiro para usar durante a semana inteira e os alunos que tem que correr atrás se quiser algo decente.
Muitos mateirias foram comprados por alunos da minha sala para que pudessem trabalhar pelo menos com dignidade.
Os professores de um modo geral, sempre ajudando, sempre presentes, mas eles não podem responder pela instituição, infelizmente.
O momento mais marcante pra mim foi a quinta feira.
Uma professora se cortou, a coordenadora do curso pediu para comprar band-aid. Ok, uma aluna pegou dinheiro, foi na farmácia e comprou o bendito. Quando retornou, a coordenadora disse que não precisava mais que alguém tinha dado um.
A UNIVERSIDADE NÃO TEM DINHEIRO PRA COMPRAR UM BAND AID...
Meu Deus, o que acontece?
E melhor, pediu para a aluna comprar e depois não usou e não reembolsou. ABSURDO.
Não é o valor do produto, mas é o descaso total da Unisa.

Escrevo tudo isso muito sentido, pois não precisava ser assim. Mas já estou no 6º período e tem uma hora que cansa.
Não me arrependo do curso que escolhi, mas se pudesse trocar a Universidade, faria isso muito fácil, mas não dá pra se adaptar a outra grade de matérias, voltar semestre ou pagar horas.

Queria muito poder dizer que a instituição apóia os alunos e professores e que faz de tudo para melhorar, mas o que vejo em três anos é que muito se fala e pouco se faz.

Triste, grave, absurdo...

PS - A Nota Fiscal do Band-Aid está comigo, vou guardar de souvenir.

23.8.10

Apenas um Curumim

Sexta-feira, 20 de agosto, fim de noite.
Eu em meio ao furacão que passou em minha vida neste dia (este é assunto para outro post), entrei no orkut a pedido de minha mãe para ver umas fotos (o que eu não queria, naquele momento).
Só que me deparo com alguns recados de uma ex-professora minha, Valéria.
Valéria foi minha professora de história, a melhor professora que já tive em todos os tempos.
O diferencial dela para tanta outras dezenas de professoras (es) que já tive é o amor ao lecionar.
É possível ver paixão em seus olhos, na maneira de falar. Toda aula dela era algo visceral, único.
Ela conseguia prender a atenção de toda a turma, era possível ouvir o som de uma agulha caindo ao chão.
E não pensa que o nosso silêncio ou respeito era por conta de medo ou repressão, era por amor ao ouvir aquela mulher falar com tanto entusiasmo seja qual for o assunto.
História do Brasil, história antiga, Egito, faraós... Tudo era mágico ao som de sua voz.
Enfim, vi seu recado em meu mural:
- Curumim, eu vou refazer sua peça depois de 20 anos, quer assistir?
Quantos pensamentos me vieram à cabeça, apenas com este recado.
E tinha mais outro.
- Curumim, quer ver sua peça favorita, me dê um retorno.
É a semana tinha sido muito difícil e puxada, natural não ter entrando no Orkut.
E por fim, um último recado:
- Curumim, é meu último recado, estou te aguardando, a peça é amanhã... (ou algo bem parecido com isso)
Bom, o amanhã já poderia ter passado, poderia ser tarde, mandei uma resposta, mas graças a Deus não foi tarde.
Bom, a peça em questão era "Apenas um Curumim" de Werner Zotz.
Livro infanto juvenil de 1979, o qual eu tive conhecimento em 1990, nas aulas da Valéria.
Do livro, criamos a primeira peça do título e tinha eu no papel de Curumim.
Sim, fui o primeiro Curumim há 20 anos.
Nunca tinha me dado conta de tantos anos que passaram da peça até hoje. Mas a ficha me caiu, e vi que o Curumim já tava bem crescidinho.
No sábado, eu e Valéria conversamos ao telefone, marcamos o local e horário e aí veio uma surpresa. Ela me disse bem animada.
- Jean, eu vou ficar te aguardando. Venha, pois tem uma pontinha na peça pra você e o elenco não sabe, é surpresa.
Caraca, eu e toda minha timidez por um momento, quase nos escondemos embaixo da cama. Mas se é para encarar, vamos lá, se for pra pagar algum mico no caminho, estamos aí.
Quando cheguei ao local, vi a professora Valéria, o que pra mim já tinha ganhado o dia. Ela me deu a fala e a hora que iria entrar, mas tudo muito em segredo, pois o elenco não podia saber.
Quando vi o elenco, lembrei de mim há 20 anos.
Todos com 11 ou 12 anos, cursando a 6° série do ensino fundamental.
Enquanto via a peça, lembrava da minha turma. Lembrava de quanto foi bom faze aquela peça e apresentar no pátio do colégio para toda a escola.
Lembrei das dificuldades, do texto, do cenário, dos detalhes.
A história da peça é basicamente a luta entre o Caraíba (homem branco) e os índios.
Mostra o Pajé (Tamãi) ensinando o jovem Curumim a sobreviver e transformá-lo em guerreiro sem perder a raiz indígena. (Legal ler o livro)
E a minha hora estava chegando de entrar na peça novamente.
Ao final da peça o pequeno Curumim já crescido, guerreiro diz:
- Eu, Novo Pajé digo: Vamos salvar o povo irmão, Vamos salvar o Planeta.
E neste momento eu, do meio da platéia levantei, abri meus braços em direção a eles e disse:
- Eu, Jean, Curumim há 20 anos digo: É possível salvar o povo irmão, é possível salvar o Planeta.
A cara de susto de cada um deles foi incrível, depois eles entenderam e eu subi ao palco com eles.
Todos, inclusive eu, estamos muito felizes.
Foi tudo muito mágico e único. Sentia-me como uma criança no meio deles e o melhor. Estava novamente no palco. Foi maravilhoso.
Fiz uma carta de agradecimento a eles e a Valéria e espero que cheguem a eles durante as mágicas aulas da professora Valéria.
E eu, estou aqui para mais alguma participação ou para fazer a peça novamente.
Não como Curumim, pois, Curumim de 30 anos, gordo e barbado, não dá.
Mas um Caraíba ou o Pajé, queria muito fazer!
Quero terminar, citando uma frase do Pajé na peça:

"Caraíbas têm cabeça oca. Deviam ter aprendido muitas lições com o povo filho da terra e não souberam enxergar, nem ouvir, nem sentir. E SOFRERÃO POR ISSO".